Análise Semiótica: Metade -Oswaldo Montenegro

Analisar a poesia Metade de Oswaldo Montenegro, envolve conceitos mil, nesta tarefa busquei traduzir cada estrofe, cada trecho, para quem sabe melhor entendê-la.

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
(Em muitos momentos de nossa vida,no cotidiano ou em situações novas, deixamos muitas vezes de continuar e de buscar aquilo que temos por anseio,pela força do medo que temos, pelo tanto de covardia que possuímos.O remedio? ARRISCAR! )
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
(Certa vez ouvi dizer que devemos temer não o barulho dos maus, e sim o silêncio dos bons, portanto, neste sentido creio temer que a bondade em que acreditamos e a justiça pela qual vivemos,seja morta pelo tampão que nos dão no ímpeto de dominar as opiniões e idéias.)
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
(É este o silêncio que amedronta!)
Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que triste.Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
(Esse trecho é uns do que mais admiro, senão aquele que mais acho digno de admiração, nele o autor conclui o quanto a vida é feita de momentos, momentos saudosistas, momento construidos de tempo em tempo, sendo assim,o humano em sua essência constitui-se do que foi e do que será!)
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
(Em determinados momentos de nossas vidas, constatamos que muitos nos ouvem, com tal admiração e se acham incapazes de toda e qualquer opinião, portanto ao longo de meu caminho,conclui e passo a diante o fato de preferir uma crítica, que dará vida a novas premissas, do que ser dona da razão, e fazer com que repitam, copiando a mim, revivendo coisas que não pretendo reviver!)
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
(Sábio é aquele que sabe se defender, mas mais sábio é aquele que guarda os tijolos e constrói seu castelo interno!)
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,
(Quantas vezes pensamos em ir, deixando tudo para trás, sem pretenção de olhar para aquilo que se construi, para aquilo que já está acontecendo, e em outras situações quando voos pretendemos alçar e muitas vezes não possuimos asas, porém, como tudo nessa vida se ainda não as possuimos, vale buscá-las, se não asas, pés no chão para que aqui onde estás, tudo se realize!)
que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.Porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão.
(A tensão que nos corrói é de certo modo a linha tênue, entre a razão e a emoção, entre o querer e o poder, o poder e todo o seu querer, se metade nossa é o que pensamos, é simplesmente porque a outra metade é o vulcão que não podemos deixar entrar em erupção, muito menos deixá-lo secar!)
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
(Não pode-se falar em solidão quando ama-se a si mesmo, quem não suporta a si mesmo, tão pouco terá as minimas condições para amar o outro!)
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembrode ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que já fui, a outra metade eu não sei...
(Novamente o autor retoma um conceito de lembrança, que busca algo que ele inconscientemente já foi, portanto deve-se considerar que o que se foi é o que o torna: SER, ser aquilo que ainda não se sabe ser.)
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
(Trecho que em minha opinião, menos é digno de uma opinião, tão nítido e por menor que seja tão completo, e de certo modo tão simples.)
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
(Nada mais constante e significativo do que um olhar, seja de quem for, ao menos que haja cumplicidade!)
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
(A afirmação mais simples e mais complexa, fazendo-se assim a mais incoerente, o cansaço faz com que a sociedade, se envolva em seu próprio casulo, colocando-se dentro de si mesmo, sem olhar em volta. Já andou de mêtro em São Paulo?)
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba,e que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidadepara fazê-la florescer.Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.
(Tão fácil e belo entender a arte, para aqueles que não tentar complicar a ação da vida, o curso natural das coisas, vemos atualmente a alienação para com a indústri cultural, talvez devemos entender que Big Brothe não é o mesmo que arte! E que a metade nossa que se figura em canção, seja ao menos de bom gosto!)
E que minha loucura seja perdoada.
(Toda loucura é um tanto sensata e toda sensatez se atribui um tanto a loucura!)
Porque metade de mim é amor e a outra metade...Também.
(A Frase final, nos mostra um ser inundado de sentimento, sentimento escasso na sociedade atual, porém vivido e revivido diariamente, todo nós, por mais que não queíramos, somos constituidos em amor, amor que pode talvez ser transfigurado em recentimento ou dor, mas no mais é apenas amor.)

Oswaldo Montenegro
Análise: Sofia Szenczi

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